segunda-feira, julho 23, 2007

Poesia (1)

Não me considero um poeta, mas alguém que de vez em quando escreve poemas. Afinal a poesia está em toda parte, basta ter olhos para ver...

O poema abaixo, "União", escrevi em algum momento no final dos anos 80, para a mulher da minha vida, muito antes de conhecê-la...

União

Sonho...
e no universo onírico
toco teu corpo,
toco tua alma.

Vejo teus olhos
e neles, a profundidade
do cosmos infinito.

Vejo teus lábios
e neles, uma fonte
do mais doce néctar.

Vejo teu seio
e nele, sinto o suave
pulsar da vida.

Vejo-a,
sinto-a.

Toco tua alma com a minha,
diluo-me em você.

União completa,
integral, harmônica.

Toco tua alma,
toco teu corpo.
No universo onírico,
sonho...

terça-feira, julho 17, 2007

Sonhos

Originalmente escrita em 1990, revisada e publicada em 1994 na antologia VALORES DA NOVA LITERATURA BRASILEIRA – Litteris Editora, RJ.


Sonhos... dizem que são apenas imagens derivadas de recordações de vários acontecimentos que presenciamos.

Sonhos...

***

Você corre pela paisagem onírica. A sua volta, imagens de assassinatos, crimes, guerras, destruição, fome... Você busca uma saída mas em todo lado é a mesma coisa...

Então, quando pensa que já presenciou tudo de pior que há, você vê o responsável por tudo aquilo. Vê o Anjo Negro...

“Lúcifer!” - você grita, e então o mundo se dissolve ao seu redor e você está nas nuvens, flutuando. Ao seu lado, um homem alto, cabelos grisalhos, trajes brancos: “Calma, minha querida, está tudo bem.” - Ele a tranqüiliza. Você o abraça e chora. “Era ele, era...!” - você diz.

“Não, não era ele. Era apenas a imagem que lhe impingiram dele. Posso lhe contar uma história sobre ele, você quer ouvir?”

Você limpa as lágrimas e faz sinal de anuência. Sente-se segura e confiante no Homem de Branco.

“No início”, diz ele, “na Aurora do Homem, uma força primal ousou rebelar-se contra seus pares e colocar-se ao lado dos homens mortais. Ele e aqueles que colocaram-se ao seu lado entregaram ao Homem os segredos da Magia ou Ciência, se assim preferir, pois, em verdade, são as duas aspectos do mesmo princípio.

“Por este ato, o Portador da Luz, como alguns mortais vieram a chamá-lo, foi banido, juntamente com seus partidários, da presença de seus pares. Naqueles tempos, homens e 'deuses' tinham maior contato, a assim sendo, o banimento gerou várias lendas pelo mundo dos mortais como a lenda de Prometeu. Para que coisas como a 'traição' de Prometeu-Lúcifer não tornasse a ocorrer, aqueles que o haviam banido ergueram barreiras entre si próprios e o mundo mortal, afastando-se dos homens. Mas os homens revelaram o mesmo orgulho e egoísmo queo os antigos pares do banido e, ao invés de demonstrarem gratidão, em todas as épocas e, na maioria das religiões, imputaram-lhe a culpa de todo o mal sobre a Terra. Tornaram-no, em suma, seu bode expiatório, o depositário de todas as culpas.

“Agora diga-me, criança, quem deve viver no pior dos infernos senão ele mesmo?

“Imagine passar uma eternidade oferecendo conhecimento e anticonformismo questionativo ao mundo, de modo a evitar sua estagnação e recebendo em troca apenas maldições.”

Você faz menção de falar, mas uma sonolência irresistível a envolve. Fecha os olhos e apenas ouve a voz do Homem de Branco, à distância:

“Durma, criança e volte aos seus. Que o que lhe contei seja útil a você e a outros...”

***

O Homem de Branco volta-se e, detrás de uma nuvem, surge outro homem, louro, trajado à rigor, olhar profundamente triste, apesar do sorriso nos lábios.

“Por que fez isso, meu amigo? Crê que trará resultado?”, pergunta.

“Duas interessantes questões. A primeira eu respondo de maneira simples: é da minha natureza. Quanto à segunda... bem, você conhece a Lei do Cosmos tão bem como eu. Demore o quanto demorar, o equilíbrio é restabelecido.”

Os dois, então, principiam a desvanecer no ar e o Homem de Branco exclama, com um sorriso: “A propósito, meu amigo, como vai o seu fígado?”

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escrevo, logo existo

Escrever sempre foi algo que me veio de modo fácil, fosse por obrigação ou por prazer. Aliás, em tratando-se de escrever, obrigação e prazer são sinônimos no meu dicionário pessoal.

Escrevo desde sempre (ou pelo menos, desde que me alfabetizei), já publiquei em uma antologia, nos longínquos anos 90 do século passado, posto em blogs desde 2001 e tenho presença na web desde 1996.

Mas isso é história antiga.

Neste veículo, publicarei escritos antigos e novos, inéditos e já vistos, de forma mais ou menos organizada, aproveitando as características da (multi)mídia, mas sem perder de vista no entanto, a imagem do "Livro".

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